Por: Diego Gomes
Ao longo da primeira semana de maio, vou publicar aqui uma série de devocionais sobre as bem-aventuranças. Tenho me dedicado ao estudo do Sermão do Monte nos últimos sete anos, e boa parte do meu ministério pastoral no Brasil foi focada em ensiná-lo, explorando suas ramificações: caráter cristão, disciplinas espirituais, identidade e liderança. Estou profundamente feliz de trazer um pouco desse conteúdo aqui para o blog, agora na forma de devocionais.
Quando pensamos no processo de ensino de um mestre, o assunto que ele está ensinando é a coisa mais importante. Esse tema principal contém diversos conteúdos que precisam ser apresentados passo a passo, permitindo que os alunos absorvam a mensagem integralmente. Geralmente, o ensino de um assunto contém conteúdos-chave, que são como a espinha dorsal que o sustenta e, ao mesmo tempo, apresentam um resumo essencial do que está sendo ensinado.
O Sermão do Monte é o principal ensino deixado por Jesus. Como mestre, Ele não apenas explicou a lei do Antigo Testamento, mas a ressignificou no Sermão do Monte. Jesus apresentou a mente e a vontade do Pai Celestial de uma forma prática, com atitudes e passos que podemos aplicar no dia a dia.
A teoria da lei, personificada na pessoa de Jesus e em seu caráter, é a substância do Sermão do Monte. Mais do que listar regras sobre a vida no Reino dos Céus, Jesus nos ensina como nos tornar semelhantes a Ele e viver de maneira que agrada ao Pai. Trata-se de um sermão sobre “quem somos por causa dele e do que Ele fez”, mais do que “o que devemos fazer”.
As bem-aventuranças são a “espinha dorsal” do ensino de Jesus no Sermão do Monte. Não é possível viver o Sermão do Monte – as atitudes e vivências esperadas de um discípulo de Jesus – sem viver as bem-aventuranças. Essa foi a forma de Jesus nos proteger da nossa tendência de transformar a vida espiritual numa mera prática religiosa, ao invés de uma transformação pessoal vivida de dentro para fora.
Bem-aventurado significa que somos chamados a nos tornar aquilo que Jesus idealizou antes mesmo de cumprirmos qualquer preceito da lei apresentada no Sermão do Monte. A boa notícia é que não nos tornamos bem-aventurados pelo nosso próprio mérito ou capacidade, mas pela graça de Deus, mediante a fé. Quando cremos em Jesus, recebemos um novo nascimento e o Espírito de Deus passa a habitar em nós, capacitando-nos a viver como Jesus e a desenvolver um caráter semelhante ao dele.
Bem-aventurado é a tradução da palavra grega “makarios”, que pode ser entendida como feliz ou afortunado. Entretanto, o uso que Jesus faz desse termo nas bem-aventuranças vai além de uma mera felicidade humana: aponta para um estado profundo de felicidade e satisfação enraizado no Reino dos Céus.
Antes de mergulhar nas profundezas da lei e na riqueza da nova vida que o Sermão do Monte nos propõe, Jesus certificou-se de afirmar que Ele deseja que sejamos felizes e afortunados, vivendo a realidade do Reino de Deus. As palavras do profeta Jeremias corroboram essa verdade, ao apresentar nossa felicidade como parte do plano divino: “Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês – declara o Senhor – planos de fazê-los prosperar, não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro” (Jeremias 29:11).
As bem-aventuranças são como um mapa divino para a felicidade.
O dicionário define felicidade como “o estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar”. Jesus, porém, oferece uma perspectiva diferente: menos autocentrada e comprometida com o nosso conforto, e mais alinhada à perspectiva de Deus.
A opinião de Jesus sobre felicidade contradiz paradigmas humanistas que moldam a crença do mundo atual. Enquanto a formação acadêmica tende a colocar o homem no centro de tudo, Jesus nos convida a renunciar à nossa natureza humana para vivermos segundo a nova natureza do Espírito.
Ser bem-aventurado, como veremos nos próximos textos desta série devocional, é aprender a ser alguém que anda na contramão da cultura e, assim, encontra a verdadeira vida. Nesse fluxo de “perder para ganhar”, somos felizes ao aprender a ser pobres e a lamentar; felizes ao nos tornarmos mansos; felizes ao desenvolvermos um apetite por justiça; felizes ao sermos misericordiosos e ao escolhermos a pureza; felizes ao nos posicionarmos como pacificadores e ao aceitarmos a perseguição sem renunciar às bênçãos que acompanham uma vida de martírio.
Você está disposto a caminhar contra a corrente deste mundo para descobrir a felicidade verdadeira que Jesus oferece? Não perca as próximas publicações desta série.