Por: Diego Gomes
“Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: — Eles não têm mais vinho.” (João 2: 3)
Todos nós já ouvimos algum sermão sobre o primeiro milagre de Jesus, na festa de casamento em Caná da Galileia. Quero propor uma reflexão hoje: imagine que aquela festa de casamento representa as nossas vidas cotidianas. À primeira vista, isso pode parecer uma proposta estranha, já que casamentos geralmente são momentos extraordinários em nossas agendas e vidas ordinárias.
Contudo, embora fosse um evento social, aquele casamento em específico não representava um acontecimento grandioso na agenda profética de Jesus. Era apenas mais um momento humano comum — e Jesus, embora divino, estava ali apenas como mais um convidado.
A maior parte da nossa vida cotidiana é feita de momentos simples: um encontro com um amigo, o dia a dia de um relacionamento amoroso, uma atividade inserida numa semana cheia de tarefas. Em todos esses momentos, geralmente não esperamos que o céu invada a nossa realidade.
Nem mesmo Jesus saiu de casa esperando realizar um milagre naquele dia. Porém, é nesse cenário de vida comum que a atitude de Maria se revela como um poderoso exemplo de fé.
Quando surgiu um problema natural, Maria olhou para o próprio Deus que estava diante dela e demonstrou sua expectativa de que algo sobrenatural pudesse acontecer:
“No terceiro dia houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava ali. Jesus e seus discípulos também haviam sido convidados para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: — Eles não têm mais vinho.” (João 2:1-3).
A resposta de Jesus à sua mãe foi negativa: “Isso não me diz respeito”. Contudo, isso não foi suficiente para ofendê-la, nem para abalar sua fé. Ao contrário, a negativa de Jesus apenas aumentou sua expectativa. Ela disse aos servos: “Façam tudo o que ele mandar.”
Se olharmos para o exemplo de Maria com olhos naturais, sua atitude talvez nos pareça sem sentido. “Que mulher intrometida”, alguns poderiam pensar. “Que situação constrangedora”, diriam outros. Entretanto, se não fosse por sua percepção espiritual e por sua ousadia naquele momento comum, talvez aquele milagre sequer tivesse ocorrido — ele não estava nem mesmo nos planos iniciais de Jesus!
Problemas acontecem o tempo todo: o carro quebra no dia mais corrido, o filho adoece quando estamos sobrecarregados, um imprevisto esgota as reservas financeiras. No casamento, o problema era humano e comum: falta de planejamento, resultando em escassez de algo essencial.
Maria agiu daquela maneira por uma razão simples: ela sabia quem Jesus realmente era e o que Ele podia fazer. Ao longo dos trinta anos de anonimato do Deus encarnado, Maria conviveu com Ele como mãe — observou seu crescimento, seu caráter, sua compaixão. Talvez ela tenha presenciado atitudes extraordinárias que nunca foram registradas, pois antecederam o ministério público.
Quando surgiu um problema, Maria não viu um convidado comum. Ela viu o Deus que formou o universo, o único capaz de transformar qualquer realidade.
O que aprendemos com Maria nessa história é a manter uma expectativa pelo sobrenatural em todos os momentos— pois na mesa dos nossos corações, Deus está sempre presente. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. O mesmo Deus que ordenou a criação, que abriu o mar, também pode curar, restaurar, prover e transformar situações aparentemente impossíveis.
A fé de Maria estava enraizada na confiança que ela tinha no Jesus que conhecia. Por isso, não se ofendeu quando Ele disse que não se envolveria, nem desistiu quando ouviu que sua hora ainda não havia chegado. Maria sabia que o coração de Deus sempre se move diante da fé e da necessidade. Basta uma atitude que capture a atenção do céu — e o milagre pode acontecer.
Você tem vivido seus dias comuns com expectativa pelo sobrenatural?
Imagine se, antes de tentar resolver um problema, orássemos buscando a sabedoria de Deus. E se, antes de tomar uma decisão, pedíssemos por sua direção? Como seria a nossa vida ordinária se, quando estivéssemos tristes, pedíssemos por sua alegria abundante? E se, diante da ansiedade, lançássemos nossas preocupações aos pés da cruz?
Como seria o dia de hoje se vivêssemos com a mesma sensibilidade de Maria, atentos às oportunidades para o céu intervir no meio do vai e vem da vida?
Eu quero descobrir a resposta para essa pergunta. E você?
Se a sua resposta for “sim”, eu te convido a fazer comigo a seguinte oração:
“Pai celestial, no dia de hoje eu te peço que abra os meus olhos e me ajude a perceber a tua presença e o teu poder. Que no ir e vir da vida cotidiana, eu tenha a sensibilidade de perceber as oportunidades para que o teu amor e o teu poder sobrenatural sejam revelados. Faz de mim, Pai Amado, um canal para manifestar o teu Reino aqui na terra como é no céu. Em nome de Jesus. Amém.”