Por: Diego Gomes
“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.” – Mateus 5:3.
O primeiro passo para adentrarmos na vida do Reino é reconhecer nossa condição de pobreza espiritual. Materialmente falando, alguém é considerado pobre quando reconhece que tem faltas e que seus recursos não são suficientes para suprir suas necessidades. Da mesma forma, precisamos compreender que, espiritualmente, sem Jesus, não possuíamos nada e estávamos mortos em nossos pecados e delitos.
Pobreza em espírito não tem relação com finanças, mas com a consciência de quem éramos antes de Cristo. Reconhecer que você é pobre em espírito não significa se depreciar, mas adotar uma visão correta de si mesmo, baseada na graça de Deus:
“Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?” Romanos 8:32.
A verdade “nua e crua” é que, sem o sacrifício de Jesus na cruz, toda a humanidade estaria condenada à ira divina. No cálice do sofrimento, Jesus tomou o nosso lugar, e, por causa dele, hoje temos acesso tanto a uma eternidade com Deus quanto a uma vida redimida aqui e agora:
“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho, e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” Isaías 53:5-6.
Para todos os que creem em Jesus, a cruz não é apenas um estilo de vida, mas o único caminho para viver o Reino de Deus. Fomos salvos pela graça, mediante a fé, e somos chamados a viver como discípulos de Cristo, crucificando nossa velha natureza com Ele:
“Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Gálatas 2:20.
Reconhecer nossa pobreza em espírito abre espaço para um processo contínuo de esvaziamento interior: quanto mais renunciamos à nossa vontade, mais experimentamos a vontade de Deus; quanto mais deixamos a nossa vida, mais abraçamos a vida que Ele planejou para nós:
“Então Jesus disse aos seus discípulos: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará’.” Mateus 16:24-25.
À medida que nos esvaziamos de nossa natureza humana, somos preenchidos pela natureza divina através do Espírito:
“Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilha de couro velha, se o fizer, a vasilha rebentará, o vinho se derramará e a vasilha se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova, e ambos se conservam.” Mateus 9:16-17.
O reconhecimento da nossa pobreza espiritual nos desperta para a dependência diária do Espírito Santo, pois, sem Ele, não conseguimos viver de maneira que agrade a Deus, nem alcançar a santidade:
“Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.” Gálatas 5:16.
Quem reconhece sua pobreza em espírito deve buscar uma comunhão constante e profunda com o Espírito Santo, como fruto da disciplina espiritual, tanto pessoal quanto comunitária:
“Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” Efésios 5:18-20.
Uma tradução para “pobres em espírito” poderia ser: humildes. E não existe outra resposta apropriada diante da nossa “nudez” espiritual aos pés da cruz senão a humildade. Embora muitas vezes mal compreendida na história da Igreja, a humildade é uma virtude essencial a todo cristão.
Ser humilde é reconhecer nossas próprias limitações. Essa consciência nos conduz a um viver modesto e simples, livre dos pesos impostos pelos desejos desordenados do coração, como a busca por riquezas, fama ou sucesso. A verdadeira humildade se manifesta quando deixamos de viver para nós mesmos e passamos a servir o próximo:
“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” Filipenses 2:3-7.
Se a humildade, conforme Paulo ensina, é a negação do ego e a abnegação em serviço do outro, ela não é a anulação da identidade. Muitas vezes se confunde humildade com baixa autoestima, mas essa não é a perspectiva bíblica.
Jesus sabia quem Ele era, mas “… embora sendo Deus…” escolheu o caminho da renúncia, obediência e serviço. Só quem possui um senso saudável de valor próprio e sabe o quanto é amado e valioso para Deus consegue caminhar em pobreza de espírito sem sucumbir a abusos emocionais.
Como ensina Rick Warren:
“A humildade não é pensar pouco de si mesmo, mas pensar pouco em si mesmo.”
Oração de hoje:
Senhor, eu quero ser humilde como tu és. Ensina-me a ter um coração quebrantado e molda-me de acordo com o teu caráter. Eu rendo o controle e a minha vontade, que seja feita a tua vontade, aqui na terra como é no céu.