Por: Diego Gomes
Quando foi a última vez que você viveu um momento tão feliz que o deixou exultante? Todos nós, em algum ponto da vida, experimentamos instantes de alegria tão intensos que desejamos que nunca acabem.
Mas, para muitos, a felicidade vem acompanhada de um medo sutil: a apreensão de que algo ruim possa acontecer. Não queremos que nada interrompa um ciclo de conquistas e contentamento. Talvez essa insegurança tenha raízes em experiências traumáticas, em tragédias que nos alcançaram sem aviso, ou simplesmente na ansiedade. Seja como for, esse medo é um ladrão sorrateiro da alegria.
Todos temos histórias sobre momentos em que a tristeza nos invadiu de forma avassaladora. Tudo parecia estar indo bem, até que, sem aviso prévio, uma tempestade desabou sobre nós. O coração, antes sereno, tornou-se um turbilhão de emoções.
A tristeza pode ter inúmeras origens. Talvez uma perda inesperada tenha o paralisado, ou um luto não anunciado o tenha consumido. Quem sabe foi uma decepção quando suas expectativas estavam altas ou uma traição vinda de alguém em quem jamais desconfiaria — afinal, é assim que as traições costumam acontecer, não é?
De repente, quando menos esperamos, uma torrente de sentimentos negativos inunda o coração. Em certas fases da vida, enfrentamos aflições tão intensas que nos sentimos como Jó. Quando os sofrimentos se acumulam, a sensação é de que não vamos suportar. E o medo que nos domina é o de que o dia mau nunca termine.
Nesses momentos, nossa oração é para que a estação das cinzas e da dor passe rápido, para que a alegria ressurja no horizonte como um nascer do sol de esperança.
Há alguns anos, vivi uma das piores fases da minha vida. Em determinado momento, senti-me como Jó e cheguei a desejar a morte. Mas Deus, em Sua graça e bondade, me sustentou. Ainda assim, foi um ano em que precisei lutar com todas as forças para simplesmente sair da cama.
No meio dessa noite escura da alma, fui surpreendido por um instante inesperado de felicidade. Depois de um longo período de tempestades, um grupo de pessoas — que, na época, eu considerava amigos — apostou em mim quando eu estava por baixo. Eles se reuniram comigo, fizeram promessas, derramaram palavras de encorajamento e me ajudaram a acreditar que eu não estava acabado.
Após uma dessas reuniões, saboreei, enfim, a alegria daquele novo tempo de calmaria que surgia no horizonte. Mas, então, uma pessoa muito especial me disse as famosas palavras que aterrorizam até os mais tranquilos: “Precisamos conversar”.
Em poucos minutos, recebi uma notícia devastadora. Sem aviso, lá estava eu novamente, mergulhado na tristeza.
Depois daquela conversa, meu coração se encheu de medo, e minha mente foi invadida por pensamentos de condenação: “Será que nunca mais serei feliz?” Enquanto caminhava para casa, o Espírito Santo sussurrou um versículo em meu coração:
“…Não se entristeçam, pois a alegria do Senhor é a sua força.” (Neemias 8:10)
Aquela conversa difícil, semanas depois, revelou-se uma grande traição. Amigos que frequentaram minha casa por anos me abandonaram no momento mais difícil da minha vida. Para processar a dor das falsas promessas, precisei de muito tempo — e de muitas sessões de terapia. Algumas vezes, me peguei pensando que talvez fosse melhor ter permanecido no vale, em vez de ter recebido ajuda para sair dele apenas para ser deixado sozinho logo em seguida.
A maior lição que aprendi com essa fase foi que é ilusório pensar que as estações da vida são plenas. Acreditamos que a felicidade está imune à chegada inesperada da tristeza. Da mesma forma, duvidamos que a alegria possa brotar no meio da dor.
A vida é, na verdade, um agridoce de vivências. Uma mistura de saborosas alegrias entrecortadas por dissabores inesperados, ou momentos amargos quebrados por doces surpresas. Diante dessa alternância entre tempestades e bonanças, precisamos aprender a navegar com bom ânimo.
A alegria do Senhor não depende das nossas circunstâncias, mas da bondade d’Ele, que nos fortalece.
Jesus nos advertiu de que teríamos aflições, mas nos ensinou a ter bom ânimo. Estou aprendendo que a alegria pode — e deve — ser cultivada em todos os momentos, inclusive na dor. Porque temos Cristo que nos fortalece, podemos aprender a viver contentes em qualquer situação.
Desfrutemos, então, das estações de alegria, sem permitir que os momentos de tristeza nos roubem a capacidade de sorrir. E vivamos as tristezas com a esperança de que a alegria sempre há de voltar.