Por: Diego Gomes
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.” (Mateus 5:10-12).
A jornada das bem-aventuranças começa com humildade e termina com perseguição. A caminhada cristã inicia na cruz, mas não se afasta dela ao longo da jornada. O que Jesus ensinou nas bem-aventuranças é que quem decidir andar com o coração quebrantado, viver com mansidão, fome de justiça, pureza, misericórdia e pacificação… será inevitavelmente confrontado pelo sistema deste mundo.
Ao viver o Sermão do Monte e praticar as bem-aventuranças, nós passamos a refletir a luz de Cristo e a “temperar” o mundo com o sal do evangelho. Nossa vida passa a ser influência celestial para muitos, mas também motivo de desconforto para outros. E nada atrai mais perseguição do que um viver que irradia a verdadeira luz do caráter de Cristo.
O Sermão do Monte não é uma proposta para nos tornarmos “pessoas melhores”. É o chamado radical para nos tornarmos parecidos com Cristo. E viver como Jesus não passa despercebido:
“Todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12)
Isso acontece porque o Espírito que habita em nós denuncia, com luz, as trevas ao redor. Nem sempre será com palavras — na maioria das vezes, só o nosso estilo de vida basta:
“Em Antioquia, os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez.” (Atos 11:26)
Eles não precisavam dizer. A vida deles falava por si!
A justiça que o mundo odeia não é apenas uma “causa social”. É a justiça de Cristo — a natureza do Reino operando em nós. Quando vivemos como quem já morreu para si mesmo, estamos anunciando que existe um Deus que é Santo e digno da nossa santificação. Estamos testemunhando que o homem não é o centro do universo e que adorar a Deus como convém nos custa tudo:
“Se alguém quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24)
Seguir Jesus não é um convite ao conforto, mas um chamado à renúncia. Isso não apenas atrai a oposição, mas também gera um sofrimento que produz comunhão com Jesus:
“Pois a vocês foi dado o privilégio de… sofrer por Ele.” (Filipenses 1:29)
Seremos perseguidos como filhos e filhas de Deus pela sociedade, que rejeita a verdade e não se submete aos princípios e valores da Palavra de Deus (Mateus 10:24-28). Também seremos perseguidos pelos nossos próprios amigos e familiares, que, por não entenderem a nossa entrega, tentarão diminuir a nossa devoção (Mateus 10:34-39).
A boa notícia é que há uma promessa para os perseguidos por causa da justiça: deles é o Reino dos céus! Jesus não apenas nos alertou — Ele nos garantiu que não estaríamos sozinhos:
“Nenhum fio de cabelo da cabeça de vocês se perderá… É perseverando que obterão a vida.” (Lucas 21:17-19)
Sendo assim, precisamos aprender a cultivar uma postura de humildade. Não podemos nos esquecer de que não somos maiores que nosso Mestre. Se Ele foi rejeitado, nós também seremos.
Nós também podemos aprender a vivenciar a alegria da perseguição. Sim, alegria! Não porque a dor é boa, mas porque a recompensa é eterna!
“Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus.” (Mateus 5:12)
Paulo entendeu isso com profundidade:
“Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos os mais dignos de compaixão.” (1 Coríntios 15:19)
A nossa esperança não é só para esta vida, mas vivemos com os olhos fixos na eternidade. E porque somos filhos de Deus, temos uma nova natureza. Nós recebemos o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos (Romanos 8:11).
Por isso, mesmo em meio à perseguição, estamos de pé, pois os nossos olhos estão fixos em Cristo e na glória da eternidade com Ele:
“Considero que os sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” (Romanos 8:18)
Em meio às perseguições, porque olhamos para Jesus, somos constantemente lembrados de que a nossa luta não é contra pessoas, mas contra forças espirituais (Efésios 6:12). Por isso, precisamos estar revestidos de armadura espiritual. Podemos continuar nossa caminhada com os olhos fixos em Jesus, desviando-nos de toda ofensa e perdoando aqueles que nos perseguem.
A cada dia, amadurecemos em nossa jornada de fé e desenvolvemos a certeza de que, para agradar a Deus, a motivação do nosso coração, diariamente, precisará ser viver de acordo com a expectativa d’Ele. A opinião que deve nos definir, ao final de cada dia, deve ser apenas a d’Ele, pois Ele é o único digno de receber nossas vidas como oferta.
A primeira bem-aventurança nos diz que dos pobres em espírito é o Reino. E a última reafirma: dos perseguidos por causa da justiça também. O Reino é dos perseguidos!
É como se Jesus, ao escolher encerrar as bem-aventuranças com essa promessa, estivesse nos dizendo:
“O Reino começa em um coração rendido… e termina em uma vida disposta a sofrer por amor a Mim.”
Você tem vivido de forma a refletir a justiça de Cristo — mesmo quando isso atrai oposição?
Tem confiado no Reino eterno ou se apegado demais ao conforto desta vida?
Oração de Hoje:
Jesus, obrigado por me dar o privilégio de Te seguir — mesmo quando isso custa tudo.
Dá-me coragem para viver com fidelidade, graça para enfrentar a rejeição e alegria nas aflições.
Que minha vida revele a Tua justiça, mesmo que isso me custe o aplauso do mundo.
Que a minha esperança esteja firmada no Teu Reino — que é eterno, justo e glorioso.
Amém.
