Por: Diego Gome
“Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)
No passo frenético do mundo atual, todos nós desejamos – ainda que em um nível inconsciente – a tranquilidade mental necessária para uma vida saudável. No barulho ensurdecedor da sociedade moderna, todos nós precisamos aprender a cultivar o silêncio interior que acalma a mente e a alma.
Em uma humanidade fraturada pelo ódio, em que nações disputam na base da força um domínio imperial disfarçado de “paz mundial” por um discurso de falso humanitarismo, os pacificadores são pessoas essenciais, capazes de fazer a diferença.
Há, porém, um incorreto entendimento sobre paz na vida da maioria dos cristãos atuais, que leva muitas vezes a uma confusão entre ser pacífico e ser passivo ou ser pacífico e ser apático. O passivo evita o conflito, enquanto o pacificador enfrenta o conflito para transformá-lo em reconciliação.
Jesus não disse “felizes os que evitam problemas”, mas sim: felizes os que promovem a paz — os que geram ambientes onde a paz de Deus reina. Ser um pacificador significa ser alguém ativo que trabalha para que a paz seja estabelecida, tanto nos ambientes quanto nos relacionamentos.
A verdadeira paz não vem da ausência de problemas, mas da presença de Jesus. Ele é a fonte divina de toda paz. Jesus é, de fato, o Príncipe da Paz (Isaías 9:6).
A missão de Jesus como Príncipe da Paz foi restaurar a comunhão entre Deus e os homens: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 5:1).
Jesus não apenas nos trouxe paz — Ele nos deu a sua paz: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá.” (João 14:27)
A paz que vem por meio de Cristo não depende das circunstâncias, mas da rendição. É uma quietude na alma, um descanso mental, uma ação do Espírito Santo em nós.
Esta verdadeira paz, diferente da paz propagandeada pelos governos ou pela mídia, não depende de circunstâncias externas para existir, ela é uma realidade interior a ser desfrutada independente das circunstâncias.
Como filhos e filhas de Deus, somos chamados a viver o evangelho da paz — e a levar essa paz por onde andarmos:“Tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz.” (Efésios 6:15).
O pacificador prioriza relacionamentos mais do que ter razão. Ele escolhe a reconciliação mesmo quando o ego quer revanche. Ele decide cultivar o perdão, mesmo quando tem razões para se ofender.
A paz é em essência a renúncia do ego e a escolha por não estar certo diante dos homens, mas agradar o coração de Deus.
Todavia, a paz tem outro inimigo além do ego: o diabo.
Jesus foi claro: “O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir.” (João 10:10) Satanás destrói a paz de duas formas:
Primeiro, em nosso interior: promovendo ansiedade, medo e confusão. O apóstolo Pedro, por exemplo, foi influenciado pelo diabo para tentar desviar Jesus do propósito, ao falar com base em medo, não fé:
“Jesus virou-se e disse a Pedro: – Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, pois não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens.” (Mateus 16:23).
A solução para a paz interior está descrita em Filipenses 4: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, por meio da oração e da súplica, com ações de graças, apresentem os seus pedidos a Deus. Então, a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o coração e os pensamentos de vocês em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:6-7).
É por meio da oração que podemos acessar a plenitude da realidade do Reino dos céus, para ser desfrutada em nosso homem interior: paz, justiça e alegria, por meio do Espírito Santo.
Nosso inimigo também trabalha para minar a paz em nossos relacionamentos: semeando ofensas, rancor e divisões. Ele usa palavras malditas, gestos impulsivos e corações amargurados, nunca deixa de lançar iscas de ofensa para nos fisgar em brigas e discussões destrutivas.
Jesus, entretanto, nos deu o antídoto para a ofensa e o caminho para a paz: o perdão.
Ele nos ensinou a orar: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos…” (Mateus 6:12). Ele também nos prometeu: “Pois se perdoarem… o Pai também lhes perdoará.” (Mateus 6:14-15).
A verdade é que, enquanto formos humanos, as ofensas virão. A boa notícia, contudo, é que podemos escolher não permanecer feridos. Jesus nos deu o exemplo da prática do perdão, quando na cruz orou por seus ofensores: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem…” (Lucas 23:34).
Um pacificador aprende a viver com um coração blindado — não pela indiferença, mas pelo amor. Ao desenvolver um coração blindado contra as ofensas, ele é impulsionado a ser um agente no exército de Deus, trabalhando para promover a paz nos relacionamentos e ambientes.
De forma prática, nós promovemos a paz quando lidamos com os conflitos nos relacionamentos. Com aqueles que ainda não creem em Jesus, nós visamos manter o nosso testemunho. Não somos passivos, mas escolhemos ser pacíficos. Confrontamos com respeito, sem atacar pessoas. Se necessário, cedemos, pois não queremos prolongar um conflito desnecessário (Mateus 5:39-41).
Com os irmãos na fé, temos uma liberdade maior e, por isso, falamos a verdade em amor. Lidamos com as questões e não “varremos os problemas para baixo do tapete”, porque fingir a paz ignorando as mágoas e os problemas não é paz, é teatro.
Ao escolher a paz nós estamos buscando a restauração, não a vingança. A reconciliação só será possível se os dois lados quiserem, mas a responsabilidade de tentar sempre será nossa:
“Esforcem-se para viver em paz com todos…” (Hebreus 12:14).
Um pacificador se torna um inimigo ativo do perturbador da paz, satanás. Nós lutamos pela paz no lugar de oração, na promoção do perdão e quando exercemos o ministério da reconciliação.
Ser um pacificador é manifestar a natureza do Pai. Em Atos, os discípulos foram chamados de cristãos porque pareciam com Cristo (Atos 11:26). Jesus orou para que nós aprendêssemos a viver em paz:
“Que eles sejam um… para que o mundo creia que Tu me enviaste.” (João 17:21)
A promessa é que os pacificadores serão chamados filhos de Deus. A palavra usada para “filhos” em Mateus 5:9 é a palavra grega huios — que significa aqueles que são semelhantes ao Pai. Os filhos huios são os filhos com maturidade espiritual.
Os pacificadores não apenas são reconhecidos como filhos de Deus — eles refletem o caráter do Pai no mundo.
Você tem promovido a paz — ou apenas reagido a conflitos? Sua linguagem, postura e decisões têm refletido o coração de Deus ou alimentado o caos? Talvez hoje seja o dia de se arrepender e assumir a sua responsabilidade como um soldado do exército do Reino de Deus, sendo um embaixador da paz em seus relacionamentos e nos ambientes onde você exerce influência.
Oração de hoje:
Pai, eu quero ser chamado Teu filho — e me parecer contigo.
Dá-me um coração que não se ofende facilmente.
Faz de mim alguém que carrega a Tua paz e espalha a Tua reconciliação.
Que minha vida promova unidade, perdão e cura onde houver feridas.
Ensina-me a viver com os pés calçados pelo evangelho da paz.
Amém.