Por: Diego Gomes
“Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.” (Mateus 5:8)
Essa bem-aventurança é uma das promessas mais ousadas das Escrituras, pois Jesus afirma que é possível ver Deus. No entanto, há uma condição para isso: a pureza de coração. Não se trata de uma pureza ritual nem de uma moralidade aparente. A pureza que Jesus menciona nasce no íntimo, no lugar onde ninguém vê — mas onde tudo começa.
Ser puro de coração vai além de evitar impurezas externas; é viver com sinceridade diante de Deus. Viver em pureza diante dos olhos (e da opinião) de Deus significa que nossas ações precisam estar alinhadas com motivações agradáveis a Ele. Não basta agir corretamente; é necessário agir corretamente em harmonia com um coração íntegro.
Pureza, em essência, é manter o coração limpo, não apenas nos atos, mas nas intenções.
Jesus disse: “Vocês já estão limpos pela palavra que lhes tenho falado.” (João 15:3) E Paulo escreveu: “Ele se entregou por nós… para nos purificar…” (Tito 2:14). A pureza começa na cruz, quando recebemos o dom da justiça. Porque fomos limpos pelo sangue, nos tornamos nova criação em Jesus.
A realidade da pureza espiritual está intimamente conectada à Palavra de Deus. Fomos limpos por ela, e somos santificados e transformados por meio dela. À medida que enchermos nossa mente com a Palavra, receberemos uma mente renovada (Romanos 12:2) e a capacidade espiritual para permanecermos puros (Salmo 119:9).
Pureza não é um alvo distante a ser alcançado, mas uma realidade a ser desfrutada — conquistada por Jesus na cruz. Por causa de Cristo, fomos alcançados por uma graça que transforma de dentro para fora. Não apenas fomos salvos, mas recebemos a restauração da nossa identidade como filhos, chamados a viver à imagem e semelhança do Pai.
Para desfrutarmos dessa realidade, precisamos estar posicionados em Cristo. Aqueles que foram limpos por Jesus são chamados a viver uma vida que corresponda à nova natureza recebida:
“Aproximemo-nos de Deus com um coração sincero… com os corações purificados…” (Hebreus 10:22).
Pureza não é perfeição — é rendição
O filho de Deus não vive pecando de forma deliberada. Quando peca, é por fraqueza ou lapso, mas o arrependimento o conduz de volta à cruz. A verdadeira santificação se assemelha mais a uma luta constante contra a natureza humana do que a uma caminhada perfeita, sem tropeços.
Precisamos estar atentos aos pecados recorrentes. Quando o pecado é constante, consciente e voluntário, é um sinal de que algo está errado na raiz:
“Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus.” (Hebreus 10:26-27).
A boa notícia é que, independentemente de como você se encontra hoje, o sacrifício de Jesus continua vivo e poderoso. Assim como o sol brilha novamente todos os dias, a misericórdia e a graça estão sempre disponíveis para que você possa recomeçar.
Jesus é a personificação do Deus gracioso, que encarnou para salvar aqueles que não mereciam ser salvos. Ele não veio ao mundo para nos condenar, mas para salvar pecadores e transformá-los em realeza: filhos do Deus Santo, Criador de todas as coisas, fonte de toda luz, pureza e beleza.
A santificação é um processo iniciado por Jesus, sustentado pela Palavra e amadurecido pelo Espírito. Se queremos ser bem-aventurados, precisamos ser pobres em espírito, reconhecendo que dependemos de Deus para sermos santos como Ele é.
É Jesus, por Sua bondade, quem gera o verdadeiro arrependimento em nós (Romanos 2:4). É Ele, também, quem nos purifica quando confessamos nossos pecados (1 João 1:9). Jesus intercede constantemente por nós (Hebreus 4:14-16) e nos prepara para a eternidade com Ele (Apocalipse 19:7-8).
Para viver em pureza, precisamos compreender que a luta é interna. Jesus nos chama todos os dias a cultivar um interior limpo:
“Limpem primeiro o interior do copo…” (Mateus 23:26).
Jesus nos convida a uma santidade que começa no coração. Não se trata de um esforço religioso para parecer puro, mas de uma entrega sincera para ser transformado.
A verdadeira pureza nasce — e se sustenta — do desejo de agradar ao Pai. E quem luta contra o pecado — mesmo sem ser perfeito — está no caminho certo. Não podemos nos conformar, mas continuar lutando dia após dia, enquanto somos transformados:
“Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o sangue…” (Hebreus 12:4).
De forma prática, a pureza que recebemos por meio do sangue vertido na cruz e do Espírito derramado em nossos corações precisa ser preservada. Devemos cuidar do que permitimos entrar em nosso coração.
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Pelo que vemos: “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz.” (Mateus 6:22)
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Pelo que ouvimos: “As más conversações corrompem os bons costumes.” (1 Coríntios 15:33)
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Pelo que falamos: “Entre vocês não deve haver… obscenidade, conversas tolas, gracejos imorais…” (Efésios 5:3-7)
A pureza não se resume a evitar o pecado, mas a viver como luz no meio das trevas. Por isso, também é importante cuidar dos nossos relacionamentos. Existe uma diferença bíblica entre comer com pecadores e se assentar na roda dos escarnecedores.
Quando comemos com pecadores, manifestamos luz, somos canais de mudança e não somos corrompidos. Mas, quando nos assentamos com escarnecedores, nos tornamos iguais a eles. Permitimos que a cultura do mundo nos influencie, em vez de sermos sal e luz para os que nos cercam.
Para vivermos em pureza e santidade, precisamos ter como meta diária guardar o nosso coração: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida.” (Provérbios 4:23).
Jesus nos mostra que o coração é o berço de toda impureza (Mateus 15:19). Ele não nos chama a um moralismo de fachada, mas a uma pureza profunda — fruto de comunhão, confissão e graça.
A pureza que você busca é para ver a Deus — ou apenas para ser visto pelos homens?
Oração de hoje:
Senhor, eu quero Te ver.
Limpa o meu coração de tudo o que me afasta de Ti.
Livra-me da religiosidade e enche-me com Teu Espírito.
Que a minha pureza venha do Teu toque —
e que o meu interior Te agrade mais do que as minhas aparências.
Eu quero Te contemplar com os olhos limpos de um coração sincero.
Amém.