Por: Diego Gomes
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.” — Mateus 5:6.
Na vida há dores que são bênçãos disfarçadas. Fome e sede, são um exemplo disso.
São desconfortos que revelam uma necessidade essencial: precisamos ser alimentados. A dor muitas vezes é um alerta de que algo precisa ser feito. Assim também é com a alma.
Existe uma fome espiritual dentro de nós — colocada pelo próprio Deus — que nada neste mundo pode saciar: “Ele pôs no coração do homem o anseio pela eternidade…” Eclesiastes 3:11. Essa fome é mais do que um desejo religioso.
É um grito silencioso da nossa parte mais profunda, ela é o clamor do espírito por voltar à fonte. Por isso, Jesus declarou que os verdadeiramente felizes são os que sentem esse apetite: os famintos por justiça.
Nos esquecemos com muita facilidade de que o nosso homem interior também precisa de alimento. E não é qualquer comida que serve! Em primeiro lugar, o nosso espírito tem apetite pela Palavra de Deus:
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4.
Temos sede também, pela presença de Deus:
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba… do seu interior fluirão rios de água viva.” João 7:37-39.
No correr desenfreado da vida, só seremos saciados quando nosso interior for nutrido pelo que é eterno. Davi sabia disso, e sua oração ecoa a nossa fome:
“A minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água…” Salmo 63:1.
O mundo tenta nos alimentar com substitutos: sucesso, prazeres, dinheiro, influência…
Mas nada disso preenche! O próprio apóstolo Paulo alertou que: há muitos que “têm o estômago como deus e só pensam nas coisas terrenas.” Filipenses 3:19.
Não é à toa que Jesus nos exortou: “Trabalhem pela comida que permanece para a vida eterna.” João 6:27. Isso significa que existe uma comida, não o alimento da justiça divina, que apenas nos sacia momentaneamente. Esta é a comida da nossa própria vontade, quando nutrimos os apetites desenfreados do ego e do desejo.
Apenas a natureza da justiça divina sacia, porém, a justiça, no Reino, é mais do que retidão moral. É uma realidade profunda e multifacetada:
Primeiro, a justiça é a própria natureza de Deus: “A tua justiça é eterna.” Salmos 119:142. Ele é o padrão e a origem de toda equidade. Ele é o próprio fundamento e o modelo de tudo o que é correto.
Segundo, a justiça é a própria pessoa de Jesus: “A justiça irá adiante dele…” Salmos 85:13. Cristo é a encarnação da justiça de Deus, que nos tornou justos por meio do seu sacrifício na cruz, abrindo um caminho de acesso dos pecadores ao Deus Santo.
Por fim, a justiça é a nova natureza de Cristo em nós: “Para que nele nos tornássemos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5:21. Quando cremos em Jesus, recebemos essa natureza.
Somos transformados à imagem do Justo, pois fomos: “… Criados para ser semelhantes a Deus em justiça e em santidade proveniente da verdade.” Efésios 4:24.
Justiça, então, é mais do que um conceito: é uma pessoa, Jesus. Por meio dele, justiça é uma transformação da nossa natureza, é um alimento espiritual proveniente do próprio Deus em sua natureza santa, que sacia e transforma o nosso homem interior de glória em glória.
É por isso que o apetite por mais de Deus é essencial, pois quanto mais buscamos conhecer a Deus, mais somos transformados. E, consequentemente, quanto mais somos transformados, mais O desejamos:
“Contemplamos a glória do Senhor… e somos transformados com glória cada vez maior.” 2 Coríntios 3:18.
Cultivar fome e sede de justiça é viver num ciclo santo: desejo, encontro, transformação.
E então… mais desejo. Mais encontro. Mais glória.
Você tem sentido fome de Deus ou está tentando se alimentar das sobras do mundo?
Seu espírito tem sido nutrido pela Palavra, pela presença e pela verdade? Se a sua resposta for não – ou dúvida – está na hora de clamar por fome e sede!
Oração de hoje:
Senhor, aumenta minha fome por Ti. Não me deixes satisfeito com o superficial. Dá-me sede da Tua justiça, fome da Tua presença, apetite pela Tua Palavra. Alimenta-me com aquilo que permanece e transforma. Sacia-me com a Tua glória. Amém.